SDS afasta temporariamente delegado que atirou em homem durante festa em Fernando de Noronha
Alberto Braga de Queiroz atirou em Emanuel Pedro Gonçalves Apory, de 26 anos, durante uma festa no Forte dos Remédios, na última segunda-feira (5)

A Secretaria de Defesa Social (SDS) determinou, nessa terça-feira (6), o afastamento do delegado Luiz Alberto Braga de Queiroz do cargo por 120 dias. Ele atirou em Emanuel Pedro Gonçalves Apory, de 26 anos, durante uma festa no Forte dos Remédios, em Fernando de Noronha, na madrugada da última segunda-feira (5).
A decisão foi publicada no boletim geral da SDS e determinada pelo secretário da pasta Alessandro Carvalho.
“Se mostra cabível o afastamento cautelar do Policial Civil, objetivando garantir a ordem pública, a instrução regular do processo disciplinar e a viabilização da correta aplicação de sanções disciplinares, já que recai sobre ele indícios de práticas de atos incompatíveis com as funções públicas”, explica um trecho do boletim da SDS.
Ainda segundo o documento, a decisão de afastamento pode ser prorrogada caso não haja a conclusão do Processo Administrativo Disciplinar nesse prazo.
O delegado também terá o prazo de 24 horas para que recolha à diretoria de Recursos Humanos (DRH) a sua identidade funcional.
“Determinar ao Chefe do Policial Civil afastado, que recolha à Diretoria de Recursos Humanos (DRH), no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, sua identificação funcional, bem como que providencie o recolhimento, ao setor competente da Delegacia onde estiver lotado, das armas e utensílios funcionais que porventura se encontrem à sua disposição”, continua o boletim.
Relembre o caso
Na madrugada da última segunda-feira, o jovem foi baleado por um delegado, durante uma festa no Forte dos Remédios, em Noronha.
O motivo da confusão, que foi gravada por câmeras de segurança, não foi oficialmente divulgado, mas teria sido motivado por ciúmes.
Segundo nota emitida pela Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE), a Polícia Militar foi acionada após relatos de disparos de arma de fogo no local.
Policiais socorreram a vítima ferida para o Hospital São Lucas, no arquipélago. A SDS não divulgou o nome do agente de segurança envolvido na agressão.
“A Polícia Civil de Pernambuco instaurou um inquérito, que está sendo conduzido pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). As investigações estão em andamento para esclarecer totalmente o ocorrido”, destacou a corporação.
A Corregedoria Geral da SDS instaurou um procedimento preliminar. O órgão também acompanhará a investigação da PCPE.
Versão da mãe do jovem
Em entrevista ao Brasil Urgente Pernambuco, Maria do Carmo, mãe do jovem, informou a versão apresentada por Emanuel.
Segundo ela, a história teria iniciado ainda na sexta-feira (2). Na data, o jovem de 26 anos teria conhecido uma mulher, que não foi identificada, na academia.
A jovem teria se apresentado como nutricionista e chegou a manter uma conversa com Emanuel sobre a profissão. No entanto, o contato inicial foi encerrado ainda na academia.
No dia seguinte, Emanuel relatou ter encontrado novamente com a mulher. Na ocasião, outros amigos do jovem também conheceram a nutricionista.
Já no domingo (4), durante uma festa, Emanuel teria encontrado a mulher pela terceira vez. No entanto, evitou contato com a jovem, que estava acompanhada do delegado.
“Ele encontrou ela com o rapaz. Viu que ela estava acompanhada e nem cumprimentou ela para não causar ciúmes. Ele ficou um pouquinho e foi ao banheiro. Quando saiu, o delegado já estava escondido e chegou pelas costas, batendo nele”, afirmou a mãe do jovem.
“Você ficou com a minha mulher”, teria afirmado o delegado para Emanuel, antes de atirar no jovem.
Adeppe diz que delegado atuou em legítima defesa
Em posicionamento oficial divulgado nessa segunda-feira (5), a Associação dos Delegados de Polícia do Estado de Pernambuco (Adeppe) afirmou que o delegado atuou em legítima defesa.
De acordo com a associação, Emanuel Pedro Apory, de 26 anos, teria agredido o delegado.
“O agressor deu início a violentas agressões físicas, demonstrando a intenção de desarmá-lo — o que configurava grave risco à integridade física do agente e de outras pessoas presentes”, afirmou a associação.
Ainda segundo a Adeppe, a abordagem do delegado teria sido motivada por um “comportamento reiterado de perseguição/importunação contra sua companheira”.
A associação destacou ainda que o delegado não havia consumido bebida alcoólica.
“Tão logo controlada a situação, apresentou-se espontaneamente ao delegado da Polícia Federal, única autoridade policial disponível na localidade naquele momento”, diz a Adeppe.
Fonte: Folha de Pernambuco