Fim da escala 6×1 ‘vai contra tudo o que a gente produziu’, diz Campos Neto
O presidente do Banco Central afirma que o bom momento do emprego no País se deve à reforma trabalhista realizada no governo de Michel Temer
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, voltou nesta segunda-feira, 18, a manifestar preocupação com um eventual avanço do debate que toma como base a proposta de emenda à Constituição que estabelece o fim da jornada de trabalho de 6 dias e trabalho por um de descanso, a chamada escala 6×1. De acordo com o banqueiro central, a proposta caminha na mão contrária dos avanços conquistados na esteira da reforma trabalhista — realizada no governo de Michel Temer (2016-2018). Ele participou até o início da tarde desta segunda-feira de evento realizado pela Consulting House em São Paulo.
A propósito, segundo Campos Neto, o bom momento pelo qual passa o mercado de trabalho se deve às reformas feitas no Brasil.
Atualmente o País conta com uma das menores taxas de desemprego de sua história.“O bom momento do mercado de trabalho se deve às reformas feitas no Brasil”, disse o presidente do BC.
O debate sobre a redução da jornada de trabalho no País ganhou força nos últimos dias porque a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) já conseguiu o número de assinaturas de seus pares necessário (171) para que sua proposta de emenda à Constituição para a redução da jornada de 6 dias de trabalho por um de descanso possa ser aceita pela Câmara.
Pela proposta da parlamentar do PSOL, a jornada de trabalho, caso aprovada a sua alteração, passaria ser de quatro dias de trabalho por três de descanso, ou seja 4×3.
Ao comentar as expectativas em torno de crescimento e inflação, Campos Neto disse que os elevados preços dos insumos têm levado os agentes da economia real se revelarem mais pessimistas do que os agentes do mercado financeiro.
Os efeitos do cenário global
No mesmo evento em São Paulo, o presidente do BC afirmou que os bancos centrais ao redor do mundo têm se debruçado sobre a discussão a respeito do que aconteceria com a política monetária se a economia mundial começasse a contrair daqui para a frente.
Campos Neto contextualizou que, em momentos em que há certo esfriamento da atividade, os governos costumam agir com expansão fiscal.
O momento atual, contudo, não é dos mais propícios para isso, na avaliação de Campos Neto, entre outras coisas, porque o nível da dívida dos países já está muito alto.
“Fato é que isso significa que alguns bancos centrais estão pensando qual será nossa ‘caixa de ferramentas’ daqui para frente. Será que nós vamos poder usar as mesmas ferramentas que fizemos no passado?”, questionou o chefe do BC brasileiro. “Existe hoje um questionamento que talvez tenha menos grau de liberdade para frente”, complementou.
Fonte: Estadão