Caso Aldeia: júri popular de filho de médico achado morto em poço começa na terça-feira (24)
Previsão é de que o julgamento dure cerca de três a quatro dias
Em julho de 2018, após indícios da participação de Danilo e de Jussara no assassinato e na ocultação do corpo de Denirson Paes, ambos foram presos, tendo Danilo obtido habeas corpus em dezembro daquele ano.
O laudo da reconstituição realizada na casa do cardiologista, no dia 14 de setembro de 2018, concluiu que Jussara, mãe de Danilo, não seria a única responsável pela morte do marido. A mulher teria contado com a ajuda de uma segunda pessoa que, de acordo com a acusação, seria o engenheiro Danilo Paes, filho mais velho do casal.
Em novembro de 2019, houve o primeiro julgamento do caso, e Jussara foi condenada — apenas ela era ré na ocasião. Ela cumpre pena em regime fechado. Para a promotoria responsável pela acusação da farmacêutica Jussara Paes, o assassinato e esquartejamento do médico Denirson Paes foram premeditados pela viúva. Além disso, não ficou comprovado que ele a agredia.
O júri popular
De acordo com o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), a sessão do júri terá início com a seleção de sete jurados entre 25 voluntários convocados.
Em seguida, cinco testemunhas de acusação indicadas pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) prestarão depoimentos, bem como cinco testemunhas de defesa indicados pelos advogados do réu.
“Concluída essa fase, o réu será interrogado em plenário. Depois disso, teremos a fase de debates entre a acusação e a defesa. Primeiro o MPPE expõe sua tese em 1h30. Depois a Defesa apresenta sua tese no mesmo período. Se houver réplica do Ministério e tréplica da Defesa, ambos têm mais 1 hora para falar no plenário”, explica o TJPE.
Encerrada a fase de debate, a magistrada se reunirá com o conselho de sentença, formado pelos sete jurados, em uma sala secreta, para decidir se o réu é culpado ou inocente das acusações. Em seguida, a juíza voltará para o plenário para ler a sentença.
Relembre o caso
O corpo do médico cardiologista Denirson Paes foi encontrado em 4 de julho de 2018 dentro da cacimba da casa onde morava, no condomínio de luxo Torquato de Castro I, localizado no km 13 da Estrada de Aldeia, em Camaragibe. O desaparecimento do médico vinha sendo investigado desde o início de junho daquele ano.
Em um Boletim de Ocorrência registrado em 20 de junho sobre o desaparecimento do marido, Jussara Rodrigues alegava que a vítima teria viajado para fora do Brasil e que não teria retornado desde então.
A delegada Carmem Lúcia, de Camaragibe, desconfiou do envolvimento dos familiares e solicitou um mandado de busca e apreensão no condomínio em que a família morava.
Na busca policial, realizada em 4 de julho, foram encontrados os primeiros restos mortais do médico na cacimba da residência.
Para a polícia, havia indícios suficientes da participação de mãe e do filho Danilo no crime. Em 5 de julho, Jussara e o filho mais velho foram presos temporariamente suspeitos de ocultação de cadáver.
A defesa de Jussara alegava que ela era vítima de violência doméstica e teria descoberto uma traição do marido antes do crime.
Danilo foi encaminhado para o Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima. Jussara foi levada para a Colônia Penal Feminina do Recife.
Em 20 de agosto, um laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou asfixia por esganadura como a causa da morte do cardiologista. Em dezembro de 2018, Danilo recebeu habeas corpus, obtendo liberdade.
Fonte: Folha de Pernambuco